Terra do achamento do Brasil. Terra da cana-de-açúcar, do coco, do cacau e do dendê. Primeira capital brasileira. Porto Seguro do Atlântico negro. Território de pessoas indígenas, negras e brancas. Local de encontro de gente estrangeira, migrante e compatriota.
Bahia de todos os Santos e Bahia de todas as traduções.
Caramuru e Catarina Paraguaçu inauguram a tradição de tradução nesta terra. Indivíduos intérpretes e intermediários, conectores de mundos.
Em seguida, negras e negros de várias regiões de África vinculam o Brasil à ancestralidade negra, traduzindo, assim, maneiras de comunicar-se com o mundo, com o outro, com o divino. Como não lembrar da revolucionária intérprete Luiza Mahin que traduzia, em árabe, mensagens envolvidas na Revolta dos Malês e na Sabinada.
As traduções iluministas chegam a Bahia e causam alvoroço com a Conjuração Baiana. As pseudotraduções de Gregório de Matos abrem caminhos para poetas e sua criatividade. Franklin Dória impressiona a corte com sua tradução de Henry Wadsworth Longfellow, lida na presença de Dom Pedro II. Antônio Risério, na contemporaneidade, aproxima o estado e o Brasil da cosmologia iorubá com suas traduções poéticas.
Bahia da tradução especializada! Um dos primeiros estados a ter uma Academia Médico-Cirurgião, em que alguns médicos também eram tradutores. Dentre eles, o primeiro tradutor profissional da história do Brasil, Caetano Lopes de Moura.
Bahia da tradução musical! Quantos ritmos, canções e danças se adequaram ao solo baiano. Terra do axé, do maculelê, do samba de roda. Terra do tambor, da percussão, do ritmo da cadência, do côncavo e convexo. Carlinhos Brown e Margareth Menezes que o digam! E quantas músicas já saíram da Bahia para o mundo, não é mesmo, Caetano?
Bahia da autotradução! Como não recordar de João Ubaldo Ribeiro, o romancista que se autotraduziu para o inglês. Tornou seu Viva o povo brasileiro (1984) em An invincible memory (1989).
Bahia das línguas e das linguagens! Lugar de adaptações fílmicas, local de traduções artísticas, terra de aprendizagem e contatos linguísticos. Corpos-linguagem históricos no encontro de culturas e saberes se despertam na Bahia.
Traduções da Bahia! Bahia das traduções! Todas as traduções se unem em comunidade como fitas do senhor do Bonfim para serem estudadas e refletidas aqui no XV Encontro e IX Encontro Internacional de Pesquisa em Tradução.
Nosso próximo tororó sobre a graça e a barra que é traduzir será na Universidade Federal da Bahia, de 10 a 14 de novembro de 2025.
Esperamos você em nosso encontro!
Perca não, viu?
Criada em 03 de abril de 1992, em Campinas, a ABRAPT surgiu durante o encontro do grupo Regional de Trabalho de Tradução da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL). Portanto, a ABRAPT se constitui como uma associação de caráter científico, sem fins lucrativos, que congrega professores/as universitários/as, estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores/as de tradução e interpretação.